Igor moreira



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. Acesso em: 2 out. 2015.

Reúne notícias voltadas para o desenvolvimento sustentável. A página é dividida por temas variados, como cidades, planeta, educação, saúde e economia.

Terraceamento: cultivo em degraus que impedem o processo erosivo nas encostas das montanhas.

Pulsar Imagens/AndrÉ Dib



Rio Branco assoreado em
Boa Vista (RR). Foto de 2014.

Agrotóxicos e fertilizantes

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Além dessa triste liderança, o Brasil ainda permite o uso, na produção agropecuária, de certos produtos químicos proibidos nos Estados Unidos, em países da União Europeia, etc.

O primeiro pesticida moderno, sintetizado em 1874, foi o DDT (sigla de dicloro-difenil- tricloroetano). Desde essa época, a agricultura e a pecuária de diversas áreas do mundo passaram a conviver com a química.

Com o tempo, o uso disseminado de produtos químicos mudou drasticamente as bases da agricultura tradicional no Brasil e em outros países. A produtividade das lavouras aumentou consideravelmente, com o auxílio de máquinas e tratores adaptados às novas técnicas de plantio. As técnicas de melhoramento genético de cultivares se disseminaram pelo planeta, ampliando as possibilidades de cultivo em regiões de solos e climas antes considerados inadequados. A China, por exemplo, aumentou a produtividade agrícola em 60% no período de duas décadas, em grande parte devido ao uso de fertilizantes e de recursos como a irrigação.

Em muitas áreas, a atividade agropecuária contamina as águas de duas formas: ao utilizar fertilizantes e agrotóxicos e ao descartar efluentes com altas concentrações de nitrogênio, sobretudo aqueles gerados na criação de animais.

A maioria dos fertilizantes enriquece o solo com altas doses de nitratos e fosfatos. Parte desses nutrientes é absorvida pelos vegetais, o que aumenta seu ritmo de crescimento e seu rendimento. Outra parte é arrastada pela água das chuvas para rios, córregos e lagos ou penetra no solo e acaba alcançando o lençol freático.

A poluição química pode provocar a quebra da cadeia alimentar no solo (minhocas, formigas, besouros, fungos e bactérias em interação), fator essencial da sua fertilidade. A contaminação do solo destrói esses organismos, tornando-o estéril.

Apesar do uso intenso de pesticidas, a cada ano, parte considerável das safras dos Estados Unidos é perdida em decorrência da ação de pragas. Isso ocorre porque o uso contínuo de um pesticida ou herbicida leva, pelo processo de seleção natural, à evolução de microrganismos e ervas daninhas mais resistentes. Forma-se, assim, um verdadeiro ciclo, extremamente prejudicial ao meio ambiente, em que as doses e a potência dos produtos químicos tendem a aumentar cada vez mais. Cabe lembrar que muitos pesticidas são tóxicos, não apenas para as pestes que se pretende combater, mas também para as pessoas, as plantas e os animais. Contaminam alimentos e poluem as reservas de água potável.

Em vários países, os fertilizantes, pesticidas e herbicidas vêm sendo substituídos por outros métodos. O fertilizante químico é substituído pelo orgânico. Os pestici­das e herbicidas são substituídos pelo controle integrado
de pestes, ou controle biológico, que consiste na introdução de
predadores naturais no meio ambiente e de variedades
de plantas mais resistentes, com o uso seletivo de produtos químicos para manter a produção de alimentos e, ao mesmo tempo, eliminar os riscos à saúde e à natureza.

A utilização dessas técnicas exige um profundo conhecimento do ecossistema rural, para evitar a proliferação excessiva de espécies animais e vegetais, que também poderia provocar danos. Isso porque, quando se elimina um predador, as presas com as quais ele se alimenta têm mais chances de sobreviver e se multiplicar.



O veneno está na mesa 2

Direção de Silvio Tendler. Brasil, 2014. 70 minutos.

Documentário que mostra como os agrotóxicos influenciam a vida e a saúde pública no Brasil. Também apresenta experiências de agroecologia, que podem ser alternativas para a agricultura vigente no país.

©Shutterstock/B Brown



Avião lança pesticida em plantação no estado de Idaho, nos Estados Unidos, em 2012. O uso de produtos químicos nas lavouras pode contaminar rios, córregos, lagos e até mesmo o lençol freático.

Para saber mais

O que foi a Revolução Verde?

Durante a primeira metade do século XX, os agrotóxicos, os fertilizantes químicos, a motomecanização e o melhoramento genético fomentaram uma série de mudanças na agricultura e no setor produtivo de insumos. Ao mesmo tempo, a ciência agronômica também avançava, pesquisando e potencializando o emprego dessas inovações. No final da década de 1960 e início da década de 1970, os avanços do setor industrial agrícola e das pesquisas nas áreas química, mecânica e genética culminaram com um dos períodos de maiores transformações na história recente da agricultura e da agronomia: a Revolução Verde.

A Revolução Verde fundamentava-se na melhoria do desempenho dos índices de produtividade agrícola, por meio da substituição dos moldes de produção locais, ou tradicionais, por um conjunto bem mais homogêneo de práticas tecnológicas, isto é, de variedades vegetais geneticamente melhoradas, muito exigentes em fertilizantes químicos de alta solubilidade, agrotóxicos com maior poder biocida, irrigação e motomecanização. Esse conjunto tecnológico viabilizou, na Europa e nos EUA, as condições necessárias à adoção, em larga escala, dos sistemas monoculturais.

Dentre essas inovações tecnológicas, o avanço da engenharia genética aplicada à agricultura foi, certamente, o ponto crucial da Revolução Verde. [...] Essas práticas possibilitaram, inicialmente, maior independência em relação às condições naturais do meio, como também a possibilidade de modificar e controlar os processos biológicos que determinam o crescimento e o rendimento das plantas. [...]

No que se refere ao aumento da produção total da agricultura, a Revolução Verde foi, sem dúvida, um sucesso. Entre 1950 e 1985 a produção mundial de cereais cresceu 2,7% ao ano, a produção alimentar dobrou e a disponibilidade de alimento por habitante aumentou em 40%. [...]

Rapidamente a Revolução Verde espalhou-se por vários países, quase sempre apoiada por órgãos governamentais, pela grande maioria da comunidade agronômica e pelas empresas produtoras de insumos. Mas a euforia das “grandes safras” logo cederia lugar a uma série de preocupações relacionadas tanto a seus impactos socioambientais quanto à sua viabilidade energética. Dentre as consequências ambientais desse padrão agrícola, destacam-se: a erosão e a perda da fertilidade dos solos; a destruição florestal; a dilapidação do patrimônio genético e da biodiversidade; a contaminação dos solos, da água, dos animais silvestres, do homem do campo e dos alimentos.

O QUE foi a Revolução Verde? Almanaque Socioambiental 2008. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2008. p. 415.

Texto & contexto

1. Estabeleça uma relação entre manejo inadequado do solo e degradação ambiental. Cite exemplos.

2. Por que os agrotóxicos e fertilizantes químicos são usados na agricultura?

3. Por que o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos pode provocar degradação ambiental?

4. Atualmente, em vários países, os fertilizantes, pesticidas e herbicidas vêm sendo substituídos por novos métodos. Que métodos são esses?

5. Retome a seção Para saber mais (acima) e responda: Em que consistiu a chamada Revolução Verde? Quais eram os objetivos iniciais desse movimento? Eles foram alcançados?

Conexões

Neste capítulo, você estudou alguns problemas decorrentes do lixo eletrônico, que contém metais pesados, semimetais e outros compostos químicos tóxicos e perigosos ao meio ambiente e à saúde humana. Com relação ao descarte de eletrônicos, qual é a responsabilidade de cada um de nós? Leia o texto a seguir e reflita sobre essa pergunta.


A rota do lixo

Um celular novo, um televisor cheio de recursos, um notebook mais leve – depois de certo tempo, todos têm necessidade ou vontade de comprar novos produtos para substituir os que ficaram obsoletos. Surge, então, um problema: o que fazer com os eletrônicos antigos? É possível doá-los ou vendê-los. Mas na maioria das vezes o destino é o lixo. Com isso, a montanha de resíduos eletrônicos cresce em alta velocidade. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), o volume anual de eletrônicos descartados no planeta aumenta 40 000 toneladas todos os anos.

No Brasil, a luz amarela já se acendeu há algum tempo. O relatório da ONU critica a falta de estratégias do país para lidar com o problema. Depois de 19 longos anos de discussão, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada em março [de 2010] na Câmara dos Deputados. Pela primeira vez, uma lei distribui a responsabilidade sobre os resíduos entre fabricantes, governo e sociedade.

As empresas serão obrigadas a recolher e dar destino adequado a seus produtos, enquanto o governo e os consumidores não podem fazer descaso do assunto. A lei proíbe a eliminação de resíduos onde possa haver contaminação da água ou do solo. [...]

Chumbo na água

O principal problema do lixo eletrônico no país é que ainda não há a prática de dar a ele um destino específico. Poucos fabricantes têm um esquema para recolher produtos descartados. “O material vai parar em aterros sanitários junto com o lixo comum”, diz Tereza Carvalho, diretora do Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (USP). Como os aparelhos contêm metais pesados, como chumbo, níquel e cádmio, as consequências são terríveis para o ambiente.

Um exemplo está nos monitores e televisores de tubo. Com a popularização das telas de cristal líquido, eles são descartados aos milhares. Cada um contém, em média, 1,4 quilo de chumbo. Uma camada do metal fica logo atrás da tela, para proteger o ser humano dos raios catódicos emitidos pelo tubo de imagem. Se ingerido, o chumbo causa danos ao sistema nervoso e reprodutivo. Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente limita a quantidade de metais perigosos nos novos monitores, mas não pune o lançamento do lixo tóxico no solo. Em março, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo multou a prefeitura de Bauru por irregularidades em seu aterro sanitário. A falha pode estar ligada à suspeita de contaminação por chumbo do Aquífero Bauru, que abastece mais de 200 cidades em São Paulo e Minas Gerais. Um relatório da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural da cidade apontou um nível de chumbo acima do permitido para os 14 poços monitorados. [...]

JORDÃO, Priscila. A rota do lixo. Planeta Sustentável. Disponível em:


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