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> Definição do nome do blog. Os participantes dos grupos podem fazer uma votação para essa decisão. No entanto, é importante que esse nome tenha relação com o Pós-Modernismo para que fique evidente a finalidade do blog.
> Publicação dos textos. Os participantes de cada grupo deverão postar dois textos (ou trechos de textos) dos autores pós-modernos escolhidos pelo grupo (ou determinados por meio de sorteio, caso se prefira dessa forma). Além do texto transcrito e de sua referência completa (nome do autor, da obra, da editora e data de publicação), os responsáveis por cada postagem deverão fazer um pequeno comentário sobre o texto publicado, informando aos visitantes do blog o tema tratado no texto, o período em que foi produzido e sua relação com o Pós-Modernismo.
> Organização da ordem de apresentação dos textos e/ou trechos de textos no blog. Os textos deverão ser apresentados em uma ordem que permita aos visitantes do blog compreender as diferentes linhas temáticas e gêneros variados que caracterizam a produção artística do Pós-Modernismo. Sugerimos, portanto, que a ordem seja a mesma apresentada nos capítulos desta unidade: textos que representem a Geração de 1945, o Concretismo, a Prosa pós-moderna e as Tendências contemporâneas.
> Revisão dos textos. Cada grupo deverá, também, fazer a revisão dos textos e dos comentários sobre cada um deles, certificando-se de que as informações apresentadas e a transcrição dos textos estão corretas e de que a linguagem está adequada.
2ª etapa: divulgação do blog literário
> Os grupos deverão afixar cartazes com o endereço do blog e sua finalidade nos murais das salas de aula e em outros locais da escola. Também poderão divulgá-lo nas redes sociais de que, eventualmente, os integrantes dos grupos participem.
Página 137
SEÇÃO ESPECIAL
Literatura africana
O moçambicano Mia Couto, em uma conferência intitulada “Que África escreve o escritor africano?”, resumiu a dificuldade enfrentada pelos autores africanos: apresentar um continente que não se reduza a estereótipos culturais e folclóricos.
É somente por meio das vozes de poetas e romancistas que podemos conhecer melhor os países africanos cuja língua oficial é o português. São eles que têm a importante tarefa de, por meio de suas palavras, fecundar seus leitores de sentimentos e encantamento e de neles despertar o desejo de conhecer ainda mais de perto esses países que lutaram tanto para conquistar a própria independência política e cultural. Como resumiu Mia Couto, “O que queremos e sonhamos é uma pátria e um continente que já não precisem de heróis”.
Na seção especial apresentada a seguir, muitas vozes africanas nos convidarão a nos deixarmos seduzir pela beleza e vitalidade das literaturas africanas de língua portuguesa.
A poesia africana de língua portuguesa, 138
A narrativa africana de língua portuguesa, 160
Máscara da cultura iorubá, também conhecida por mukenga, comumente usada em rituais fúnebres. Século XX. Pano com penas, conchas de búzio, contas de vidro, ferro, madeira, ráfia e taquara, 50 × 30 cm.
BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL - SAINT LOUIS ART MUSEUM (SAINT LOUIS)
Página 138
A poesia africana de língua portuguesa
Homens andam de bicicleta em acostamento, Moçambique, 2001.
GUIDO COZZI/ATLANTIDE PHOTOTRAVEL/ CORBIS/LATINSTOCK
Cinco povos em busca de uma identidade cultural. Essa é só uma parte da história de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Mas é uma parte importante, porque revela os dilemas enfrentados após a conquista da independência em lutas sangrentas que vitimaram milhares. Como herança do passado colonial, a língua portuguesa também precisava ser conquistada, tornar-se portadora da identidade nova que começava a ser construída. Nos versos dos poetas, as palavras ganham vida e dão forma aos sonhos de uma África livre.
Primeira proposta para uma noção geográfica
Sou testemunho da noção geográfica
que identifica as quatro direcções
do sol às muitas mais que o homem tem.
Sou mensageiro das identidades
do que se forja a fala do silêncio.
Habito um continente e a comunhão prevista
além dos horizontes por transpor.
Renovo-me em saber, olhando o sol
acesa a cor para além destas fronteiras.
[...]
Habito um corpo móvel de paisagens
protegidas por clareiras de fartura.
Habito o movimento e a minha pátria
é todo o continente de que não sei o fim.
Irei tão longe quanta for a sede e a urgência da mudança.
Cruzar-me-ei com as nuvens de outros corpos
movidos por idêntica voragem.
[...]
DUARTE DE CARVALHO, Ruy (angolano). In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 90-92. (Fragmento).
Mulher moçambicana carregando bandeja com bananas na cabeça, 2002.
MARIANO POZO/AGE FOTOSTOCK/ KEYSTONE BRASIL
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Mulher estendendo roupa no chão em São Pedro, Ilha de São Vicente, Cabo Verde, 1988.
BERNARD ANNEBICQUE/SYGMA/CORBIS/LATINSTOCK
Manhã submersa
(para Jaime de Figueiredo)
Agora que as raízes desciam
mais fundo na terra amada;
agora que novos olhos
a terra seca reviam;
agora que céu e mar
e terra se entrelaçavam
e confundidos no sangue
um novo sangue me davam;
[...]
Meu corpo arremessado
flutua inerte e reclama
o litoral que eu amava
a árida face e os olhos
o abraço, o amor intacto
das ilhas da minha dor.
[...]
E quando a maré baixar
virei de pé caminhando.
MARIANO, Gabriel (cabo-verdiano). In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.).
Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 148-149. (Fragmento).
Barco para a cidade de Maxixe, Moçambique, 2001.
ATLANTIDE PHOTOTRAVEL/CORBIS/LATINSTOCK
Página 140
Em 2014, a Guiné Equatorial foi aceita como membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Para que sua inclusão se efetivasse na comunidade, duas condições foram impostas: abolir a pena de morte e adotar o português como língua oficial. Na verdade, critérios políticos e econômicos determinaram a inclusão da Guiné Equatorial à CPLP, o que imediatamente causou indignação e protesto em outros países membros dessa comunidade. Apesar de um breve período de ocupação portuguesa, no século XV, a Guiné Equatorial foi colonizada por espanhóis a partir de 1778. Por essas razões, não vemos como incluí-la no conjunto de países africanos lusófonos tratados nesta seção especial, porque não só o português não é falado na Guiné Equatorial, como também não há produção literária nessa língua.
A África que fala português
[...] Para sermos homens desocupamos o silêncio e com um firmamento de esperança cobrimos o rosto ferido da nossa Pátria [...]
COUTO, Mia. Eles. Raiz de orvalho e outros poemas. 2. ed. Lisboa: Caminho, 1999. p. 34. (Fragmento).
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. São cinco os países africanos que têm o português como sua língua oficial. A história de cada um deles registra uma trajetória de resistência e luta. Resistência contra a colonização e luta para conquistar a tão sonhada independência.
Quando esses países conseguiram se libertar da máquina colonial portuguesa, era hora de começar o lento processo de definição de uma identidade autônoma, que não se confundisse com as imposições culturais dos colonizadores.
Uma pergunta, porém, precisava ser enfrentada: como saber quais são as marcas da verdadeira identidade de um povo, se sua história se confunde com a de seus dominadores? A literatura foi um dos espaços escolhidos para buscar uma resposta e a poesia foi o ponto de partida dessa jornada literária.
FERNANDO JOSÉ FERREIRA
Fonte: Relatório OPLOP 2011. Disponível em:
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