. Acesso em: 25 fev. 2016.
ELOAR GUAZZELLI
Zálima Gabon: espectro, alma do serviçal. Gabon (Gabão), neste contexto, é uma referência aos africanos, muitos originários do Golfo da Guiné, levados a São Tomé como mão de obra contratada para trabalhar nas plantações. O termo é pejorativamente utilizado como sinônimo de serviçal.
Incensem: queimem incenso (em honra de alguém).
Deambulam: vagueiam.
Apaparicados: paparicados, mimados, adulados. O termo foi usado em sentido figurado, para fazer referência aos mortos que receberam as devidas homenagens póstumas.
Nozadu: termo regional para vigília em intenção do falecido(a) antes da cerimônia propriamente dita; funeral ou missas (sétimo dia, trinta dias, seis meses, um ano, um ano e seis meses).
Candjumbi: mesa de oferenda, posta na casa das pessoas ou dos curandeiros.
Mussambê: tipo de peixe salgado de baixa qualidade.
Puíta: dança originária de Angola, organizada em terreiros, dançada em pares e que serve para preparar o ndjambi.
Ndjambi: ritual mediúnico, de convocação dos espíritos, que é o ato culminante da puíta, iniciado por volta da meia-noite.
Olvido: esquecimento.
Percutem: produzem som.
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Os mortos que não partem e são vistos como tão naturais quanto o pôr do sol e o curso d’água, ou são concretos como a casa, simbolizam a memória do dezenraizamento social, iniciado pelos portugueses, que deixou marcas profundas.
A evocação da alma dos serviçais, claramente representados como cidadãos de segunda categoria, promove uma reflexão importante sobre um processo de discriminação que criou divisões significativas na sociedade das ilhas. Ao fazer com que essas almas perambulem pela cidade, arrastando “a indignidade da sua vida e sua morte”, Conceição Lima denuncia o tratamento desumano dos contratados, revelando que a capacidade de reconhecer injustiças históricas é também parte do processo de definição da identidade de seu povo.
Angola: a mágoa antiga e o caminho das estrelas
[...] Criar criar
estrelas sobre o camartelo guerreiro
paz sobre o choro das crianças [...]
criar liberdade nas estradas escravas [...].
NETO, Agostinho. In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 73-74. (Fragmento).
Camartelo: ferramenta parecida com o martelo.
Baía de Luanda, Angola, 2013. Após a guerra civil angolana, a cidade de Luanda vem passando por um processo de reconstrução.
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Em Angola, como em tantos outros países colonizados, a produção literária esteve, durante muito tempo, vinculada às tendências e estéticas características da metrópole. Foi em 1951, com a publicação da revista Mensagem, que teve início a fase da poesia moderna e nacional.
Agostinho Neto, Mário António, Viriato da Cruz, Alda Lara, António Jacinto e Mário Pinto de Andrade são alguns dos autores que participaram de Mensagem. Influenciados pelo contexto político em que viviam, dedicaram-se à causa da conscientização dos problemas angolanos, combatendo, por meio da poesia, a alienação social.
Com um projeto político definido, esses poetas lançam temas que permanecerão em voga até os dias de hoje: a valorização do negro e da cultura africana como condição de autodeterminação; a nação africana que busca a liberdade com autoridade e existência independentes.
Entre os autores dessa geração, o maior nome é o de Agostinho Neto, que se tornou o primeiro presidente de Angola, após a independência, em 1975.
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Kuito, Angola, 2006. Crianças brincam do lado de fora de um prédio semidestruído pela guerra civil e que ameaça desabar a qualquer momento.
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Aspiração
Ainda o meu canto dolente
e a minha tristeza
no Congo, na Geórgia, no Amazonas
Ainda
o meu sonho de batuque em noites de luar
Ainda os meus braços
ainda os meus olhos
ainda os meus gritos
Ainda o dorso vergastado
o coração abandonado
a alma entregue à fé
ainda a dúvida
E sobre os meus cantos
os meus sonhos
os meus olhos
os meus gritos
sobre o meu mundo isolado
o tempo parado
Ainda o meu espírito
ainda o quissange
a marimba
a viola
o saxofone
ainda os meus ritmos de ritual orgíaco
Ainda a minha vida
oferecida à Vida
ainda o meu desejo
Ainda o meu sonho
o meu grito
o meu braço
a sustentar o meu Querer
E nas sanzalas
nas casas
nos subúrbios das cidades
para lá das linhas
nos recantos escuros das casas ricas
onde os negros murmuraram: ainda
O meu Desejo
transformado em força
inspirando as consciências desesperadas.
NETO, Agostinho. In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 74-75.
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Dorso: costas.
Vergastado: chicoteado, marcado pelo chicote.
Quissange: pequeno xilofone.
Marimba: tambor africano.
Sanzalas: regionalismo de Angola para designar uma aldeia tradicional da África.
O “Querer” maiúsculo de que fala o eu lírico nasce do sofrimento e do trabalho pesado, mas é ele que move o “Desejo” que irá despertar a consciência do povo e inspirar a revolução.
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O surgimento de outra revista literária, Certeza (1957-1961), revela novos poetas, como António Cardoso, Costa Andrade e Mário António, que procuram ir além da contestação anticolonialista e desenvolver uma temática voltada para a invocação da “mãe-pátria”, a África de todos os africanos, resgatando seus valores ancestrais.
Fortaleza de São Miguel, em Luanda, Angola. Foto sem data.
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Donas do outro tempo
Donas do outro tempo
Vejo-as neste retrato amarelado:
Como estranhas flores desabrochadas
Negras, no ar, soltas, as quindumbas.
Panos garridos nobremente postos
E a posição hierática dos corpos.
São três sobre as esteiras assentadas
Numa longínqua tarde de festejo.
(Tinha ancorado barco lá no rio?
Havia bom negócio com o gentio?
Celebrava-se a santa milagrosa
Tosca, tornada cúmplice de pragas
Carregada de ofertas, da capela?)
E, a seu lado, sentados em cadeiras,
Três homens de chapéu, colete e laço.
Botinas altas, calças de cheviote.
Donas do tempo antigo, que perguntas
Poderia fazer aos vossos olhos
Abertos para o obturador da fotográfica?
Senhoras de moleques e discípulas
Promotoras de negócios e quitandas
Rendilheiras de jinjiquita e lavarindo
Donas que percebíeis a unidade
Íntima, obscura, do mistério e do desígnio
Atentas ao acaso que é a vida
(Há sopros maus no vento! Gritos maus)
No rio, na noite, no arvoredo!)
E que, porque sabíeis que vida é larga e vária
E vários e largos os caminhos possíveis
A nova fé vos destes, confiantes.
O que ficou de vós, donas do outro tempo?
Como encontrar em vossas filhas de hoje
A vossa intrepidez, a vossa sabedoria?
Os tempos são bem outros e mudados.
A tarde da fotografia, irrepetível.
Água do rio Cuanza não para de correr
Sempre outra e renovada.
E dessa fotografia talvez hoje só exista
Na vilória onde as casas são baixas e fechadas
E têm corpo, pesam, as sombras e o calor
A sobre farfalhante da mulemba
Que vos deu sombra e fresco nesse domingo antigo.
ANTÓNIO, Mário. In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 45-47.
Quindumbas: regionalismo angolano para designar os cabelos compridos e fartos das mulheres africanas.
Garridos: elegantes, vistosos, enfeitados.
Hierática: solene, formal.
Gentio: selvagem.
Cheviote: lã escocesa; tecido feito com ela.
Jinjiquita: relevo feito em tecido.
Lavarindo: bordado.
Vilória: vila pequena e desimportante.
Sobre: copa.
Farfalhante: que emite sons; som produzido pela ação do vento na copa das árvores.
Mulemba: grande árvore de raízes aéreas, espécie de fícus. Tem forte sentido mitológico em Angola.
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A poesia da “angolanidade” ganha força e influencia poetas comprometidos com o processo de conscientização do povo. A esperança emerge como grande tema literário: nesse momento, dor e otimismo são presenças constantes nos textos.
Na década de 1970, três novos autores serão responsáveis por uma significativa mudança estética e temática na poesia angolana: David Mestre, Ruy Duarte de Carvalho e Arlindo Barbeitos. O tom panfletário é deixado de lado, em um esforço para aprimorar a forma literária e descobrir uma linguagem poética mais universal, que encontrasse novas imagens para abordar os temas políticos do passado. Como afirma Arlindo Barbeitos: “amada / minha amada / a revolução / não é um conto / e / uma borboleta / não é um elefante”.
a sul do sonho
a norte da esperança
a minha pátria
é um órfão
baloiçando de muletas
ao tambor das bombas
a sul do sonho
a norte da esperança
BARBEITOS, Arlindo. In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 82.
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Os anos 1980 viram surgir uma nova geração de poetas angolanos que têm como característica principal o ecletismo. Como o país que começa a superar as marcas da opressão colonialista e tenta curar as feridas profundas deixadas por anos de guerra civil, também a poesia angolana tenta encontrar uma nova voz, capaz de expressar a face desse novo país, pacificado, que deseja trilhar um caminho menos doloroso.
Moçambique: versos à beira do Índico
– Eu nasci em Moçambique,
de pais humildes provim,
a cor negra que eles tinham
é a cor que tenho em mim: [...]
CAMPOS D’OLIVEIRA. In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 191. (Fragmento).
Como aconteceu em Angola, a formação da literatura moçambicana tem origem nas zonas urbanas, principalmente nas cidades da Beira e de Lourenço Marques (atual Maputo). Ali se concentrava uma elite intelectual que, em alguns casos muito influenciada pela cultura europeia, lutava para definir os índices da “moçambicanidade”.
Ilha de Moçambique, Moçambique. Foto sem data.
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Os primeiros passos da literatura coincidem com o momento posterior à independência, em que a ex-colônia portuguesa precisava também aprender a ser uma nação autônoma.
Superada a questão da língua, como vimos, com a contribuição dos modernistas brasileiros, era hora de os poetas ajudarem seus irmãos a refletir sobre as verdadeiras questões africanas. A negritude é um dos temas a serem enfrentados.
Observe, por exemplo, como Noémia de Sousa fala sobre o contato entre negros e brancos, africanos e europeus, em descoberta mútua.
Mural da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) sobre a guerra de independência, perto do aeroporto de Maputo, Moçambique, c. 1962-1974.
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Descobrimento
(Ao J. Mendes)
Quando a tua mão macia e serena de branco
se estendeu fraternalmente para mim
e através Índicos de preconceito
apertou com carinho meus dedos mulatos enclavinhados;
quando teus olhos inchados de compreensão
pousaram no mapa doloroso do meu rosto de África;
quando a piroga do teu amor se fez ao mar
e veio aportar ao meu peito ensanguentado e céptico;
ah, quando a tua voz doce e fresca como um lanho
me trouxe a bandeira branca da palavra “IRMÔ,
é que eu senti, profunda como um selo em brasa
verrumando a carne,
a força terrível e única do nosso abraço fraterno,
a inquebrável cadeia das nossas mãos enfim juntas,
a indestrutível resistência da muralha erguida
por nossas maravilhosas juventudes unidas.
Ah, amigo, quando a tua mão certa e serena de branco
procurou o desespero da minha mão sem rumo...
SOUSA, Noémia de. In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 199.
Enclavinhados: fortemente cruzados, apertados.
Piroga: barco a remo, cavado a fogo em tronco de árvore.
Céptico (cético): descrente.
Verrumando: furando com uma verruma (broca; instrumento de aço, com ponta em espiral, para abrir furos). Em sentido figurado, perfurando a carne.
Entre todas, porém, eleva-se mais alta a voz de José Craveirinha. “Profeta da identidade nacional”, como foi chamado, Craveirinha é considerado o poeta maior de Moçambique. Seus textos falam da negritude e do sofrimento dos presos políticos, incorporando as marcas da tradição oral. Torna-se, portanto, o porta-voz de um povo que buscava um intérprete para sua dor.
A minha dor
Dói
a mesmíssima angústia
nas almas dos nossos corpos
perto e à distância.
E o preto que gritou
é a dor que se não vendeu
nem na hora do sol perdido
nos muros da cadeia.
CRAVEIRINHA, José. In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 203.
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Passado o momento inicial de definição dos rumos poéticos, novos temas começam a ser incorporados por escritores como Carlos Cardoso, que revela, no retrato fiel da pobreza e da miséria, a face do verdadeiro herói de Moçambique. Observe.
Pescadores acomodam rede dentro de um barco, em Maputo, Moçambique, 2009.
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Cidade 1985
De manhã quando acordo
em Maputo
o almoço é uma esperança.
Mãe tenho fome
marido tenho bicha
e mil malárias me disputando a vontade.
De manhã quando acordo
em Maputo
o jantar é uma incerteza
o serviço uma militância política
do outro lado do sono incompleto [...]
Mas ao anoitecer quando me percorro
em Maputo
enfio ominosamente o cérebro numa competentíssima paciência
desembainho felinamente mais uma mentira diplomática
e aguardo a lucidez companheira me leia
nas acácias em sangue
nos jacarandás estalando sob a sola epidérmica do povo
que este é ainda o eco estridente do Chai
até que Botha seja farmeiro e Mandela presidente.
Então,
com a raiva intacta resgatada à dor
danço no coração um xigubo guerreiro
e clandestinamente soletro a utopia invicta.
À noite quando me deito
em Maputo
não preciso de rezar.
Já sou herói.
CARDOSO, Carlos. In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 238-239. (Fragmento).
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Bicha: verme, lombriga.
Ominosamente: de modo abominável, execrável.
Chai: descrente.
Botha: Pieter Willem Botha, primeiro-ministro da África do Sul entre 1978 e 1984, durante os anos mais duros do regime segregacionista (apartheid). Presidente de Estado, com poder executivo, entre 1984 e 1989.
Farmeiro: regionalismo utilizado em Moçambique para designar o trabalhador de fazenda.
Mandela: líder rebelde que se insurgiu contra a política segregacionista da África do Sul e foi condenado à prisão perpétua por suas atividades políticas. Após anos de grande pressão internacional, Mandela foi libertado e chegou à presidência de seu país (1994-1999), pondo fim ao apartheid racial.
Xigubo: dança de guerra, em Moçambique.
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Entre os novos poetas, que surgiram após a independência em 1975, observa-se a tendência de abandonar a poesia fortemente coletiva para buscar uma linha mais intimista, que já reflete um novo momento de Moçambique. Luís Carlos Patraquim, nascido em 1953 em Lourenço Marques, Moçambique, África Oriental, e Mia Couto, nascido em 1955 em Beira, Moçambique, são dois nomes que revelam o desejo de dar vida nova à linguagem poética. E, embora Mia Couto seja, hoje, um nome fortemente associado à prosa, continua a escrever versos que, desde o início, evidenciavam sua capacidade de explorar o lirismo da língua portuguesa.
Poema mestiço
escrevo mediterrâneo
na serena voz do Índico
sangro norte
em coração do sul
na praia do oriente
sou areia náufraga
de nenhum mundo
hei de
começar mais tarde
por ora
sou a pegada
do passo por acontecer
Janeiro 1985
COUTO, Mia. Raiz de orvalho e outros poemas. 2. ed. Lisboa: Caminho, 1999. p. 58.
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Guiné-Bissau: a fome e a miséria como complementos
Quando te propus
um amanhecer diferente
a terra ainda fervia em lavas
e os homens ainda eram bestas ferozes
Quando te propus
a conquista do futuro
vazias eram as mãos
negras como breu o silêncio da resposta
[...]
PROENÇA, Helder. In: APA, L.; BARBEITOS, A.; DÁSKALOS, M. A. (Orgs.). Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003. p. 187. (Fragmento).
Camponeses da Ilha Roxa (Canhabaque), arquipélago dos Bijagós, Guiné-Bissau, 2010.
PHOTONONSTOP RM/GETTY IMAGES
A Guiné-Bissau foi uma colônia de exploração e não de povoamento. Por esse motivo, seu desenvolvimento cultural ocorreu tardiamente em relação ao dos demais países africanos lusófonos. Pobreza extrema e analfabetismo são duras chagas sociais que ainda não foram superadas.
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No período entre 1945 e 1970, teve início a produção poética na Guiné-Bissau. Vasco Cabral, António Baticã Ferreira e Amilcar Cabral escrevem os versos de combate tão característicos do momento inicial de denúncia da dominação portuguesa como etapa necessária para a libertação.
A conquista da independência política trouxe a necessidade, como aconteceu nas demais ex-colônias portuguesas, de refletir sobre a identidade. Tudo ainda está por ser feito e o trabalho de construção do país caberá ao povo.
Canto à Guiné
Guiné
sou eu
até depois da esperança
Guiné
és tu
camponês de Bedanda teimosamente
procurando a bianda na bolanha
que só encontra água na mágoa da tua
lágrima
Guiné
és tu
criança sem tempo de ser menino
Guiné
és tu
mulher-bideira
em filas de insónia
noites di kumpra pon
(mafé di aos)
Guiné
é um grito
saído de mil ais
que se acolhe n calcanhar
da terra adormecida
Mas
Guiné somos todos mesmo depois da
esperança
TCHEKA, Tony (António Soares Lopes). Disponível em:
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