Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo

Jornalista: Inversamente, de que maneira o presente nos ajuda a entender a reflexão histórica? O senhor poderia falar sobre a historicidade do trabalho do historiador?

BURKE: Nos ajuda a entender algumas coisas e impede que entendamos outras. Por isso, é importante reescrever a história a cada geração. Cada geração, vivendo com os problemas do presente, interroga o passado pensando em suas próprias questões. Quando houve a grande inflação nos anos 1920, as pessoas começaram a história dos preços, quando houve ansiedade sobre explosão populacional nos anos 1950, começou a história demográfica, agora a história do meio ambiente está decolando. Mas ao mesmo tempo em que usamos o presente para formular perguntas, temos que deixar o passado dar suas próprias respostas.

BURKE, Peter. O passado é um país estrangeiro. Entrevista concedida ao jornal O Globo e a o Globo Universidade em 16 maio 2009.

a) Segundo o texto de Heródoto, para que serve a História?

b) Para Peter Burke, quais seriam as atuais "lições da história"?

c) De acordo com Burke, como a investigação do passado se relaciona com o tempo presente?

3. No Brasil utilizamos o calendário gregoriano, porém, existem outras formas de tempo cronológico. Pesquise outro tipo de calendário e explique qual é o seu marco inicial, a forma como mede o ano e os meses e qual a sua duração.

4. Com base no estudo do capítulo, cite um fato histórico relevante para a sua cidade. Depois classifique-o como de curta, média ou longa duração.

5. A divisão tradicional da História em cinco períodos sofre vários questionamentos hoje em dia. Explique quais os argumentos utilizados para criticar essa periodização e cite uma forma alternativa de divisão da História.

6. Existem fontes materiais e imateriais. Dê exemplos de cada uma delas.

7. Retome o que você estudou e explique a diferença entre fato e processo histórico.

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UNIDADE 1 - Conhecimento e criatividade

S egundo o historiador britânico Eric Hobsbawm, as mudanças ocorridas com a humanidade ao longo de milhares de anos foram resultado da capacidade humana de controlar os elementos da natureza. O domínio da natureza pode ocorrer por meio do trabalho manual e intelectual, da criação de tecnologias e da organização da produção, por exemplo. A visão de Hobsbawm nos permite concluir, portanto, que a base do desenvolvimento humano repousa no conhecimento e na criatividade.

Todas as pessoas detêm algum tipo de conhecimento, seja como fruto de experiências, seja por estudos diversos. Adquirir conhecimentos significa organizar as informações disponíveis para compreender a realidade e ter capacidade de utilizar essas informações, em situações diferentes, ao longo da vida.

Os povos indígenas, por exemplo, durante milênios, curaram seus doentes utilizando ervas e plantas. Saber qual a planta correta para usar em uma cura foi possível graças à capacidade humana de observar e interagir com a natureza.

Algo semelhante acontece com um cientista que inventa uma vacina. Em seu trabalho, o pesquisador adquire conhecimento dos experimentos já realizados por outros cientistas, identifica diferentes tipos de drogas medicinais e realiza muitos testes antes de obter resultados consistentes.

Nesta Unidade vamos compreender como a busca pelo conhecimento mobiliza os seres humanos desde os tempos mais remotos. O domínio do fogo e a invenção da roda são alguns exemplos de uso do conhecimento humano e do seu potencial criativo para adequar suas necessidades à realidade existente e garantir sua sobrevivência na Terra.

LEGENDA: Um paleontólogo experimental francês reconstrói a forma de fazer fogo dos hominídeos pré-históricos. Na foto, o pesquisador usa pedras para iniciar uma chama.

FONTE: Phillipe Psaila/SPL/Latinstock

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LEGENDA: Médico alemão durante uma aula sobre operação de nariz em um paciente na sala de cirurgia do Hospital Acqua, em Leipzig, considerado referência internacional em tecnologia cirúrgica. O sistema cirúrgico notifica o médico de potenciais colisões com vasos sanguíneos e nervos. Profissionais de medicina de todo o mundo têm vindo a assistir a essas aulas. Foto de 2016.

FONTE: Waltraud Grubitzsch/ZB/DPA/AFP

COMEÇO DE CONVERSA

Professor(a), veja no Procedimento Pedagógico deste capítulo uma proposta de Atividade Alternativa e uma discussão teórica acerca do eixo conceitual da Unidade 1.

1. Utilizamos a criatividade e o conhecimento em diversas situações, diariamente: para resolver problemas, encontrar novas maneiras de fazer alguma coisa ou para nos divertir. Relate à sala algum episódio que você presenciou ou leu em que o conhecimento e a criatividade foram fundamentais para solucionar algum problema.

2. A criatividade humana possibilitou a realização de descobertas ou invenções que possibilitaram grandes mudanças no cotidiano das pessoas. Um exemplo é o zíper, uma invenção que transformou a indústria de roupas em todo o mundo. Pense em outras invenções simples presentes em nosso dia a dia. Em seguida, explique à classe por que você considera esses exemplos importantes e qual é o impacto dessas criações na sociedade.

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CAPÍTULO 1 - Origens da humaninade e importância da agricultura

Os seres humanos têm um vasto conhecimento sobre as origens da nossa espécie. Sabemos, por exemplo, que nossos ancestrais eram hominídeos, que habitavam a Terra há cerca de 7 milhões de anos. Centenas de cientistas, no mundo todo, participam de estudos para descobrir como eram (seus aspectos físicos) e como viviam (aspectos sociais, culturais, etc.). Para isso, analisam vestígios deixados pelos antepassados. Esses vestígios podem ser, por exemplo, fósseis, ferramentas, esculturas, utensílios, restos de fogueiras, entre outros.

O surgimento da espécie humana foi resultado de um longo processo, que se estendeu por centenas de milhões de anos e envolveu não só alterações físicas no corpo, mas também mudanças culturais, como o modo de viver e hábitos em geral. Entretanto, a ciência ainda não encontrou uma resposta precisa a respeito de como e quando o ser humano apareceu na Terra.

Neste capítulo estudaremos as origens da humanidade e as grandes mudanças ocorridas na vida do ser humano com o desenvolvimento da agricultura.

Glossário:

Hominídeo: primata que compreende o ser humano e seus ancestrais.

Fóssil: vestígio petrificado ou enrijecido de animais ou vegetais anteriores à época atual, que conservaram suas formas primitivas, permitindo que sejam determinados seu período geológico e outras características importantes para o estudo da evolução das espécies.

Fim do glossário.

LEGENDA: Arte rupestre encontrada em Tadrart Acacus, um maciço rochoso do oeste da Líbia. O local é famoso por suas pinturas e esculturas rupestres com até 14 mil anos. Foto de 2014.

LEGENDA: Aimen Elsahli/Reuters/Latinstock

OBJETIVOS DO CAPÍTULO

· Compreender os conceitos de hominídeo e fóssil.

· Discutir as limitações dos seres humanos pré-históricos e as estratégias que criaram para superá-las (o conhecimento e a criatividade).

· Apresentar as teorias sobre o povoamento da Terra pelo gênero Homo.

· Mostrar a importância do domínio da agricultura e da domesticação de animais para a sedentarização dos grupos humanos e para a formação dos primeiros núcleos urbanos.

· Destacar o papel da especialização de funções na organização social e política dos primeiros grupos humanos.

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1. Os hominídeos do gênero Homo

Os fósseis são uma das principais fontes de estudo para entender a evolução biológica da espécie humana. A análise dessas amostras indica que os indivíduos com características tipicamente humanas apareceram há milhões de anos, e não foi um evento único e localizado.

Um dos hominídeos mais antigos que se conhece é o Ardipithecus kadabba, que habitou a África há 5,8 milhões de anos. Posteriormente, surgiram outros hominídeos do gênero Australopithecus. Eles teriam habitado a África entre 4,2 milhões e 1 milhão de anos atrás e se dividiam em várias espécies, como Australopithecus anamensis, Australopithecus afarensis e Australopithecus sediba.

De modo geral, os Australopithecus tinham braços longos, maxilares salientes e cérebro pequeno, mas sua principal característica era a capacidade de andarem eretos.

LEGENDA: Ilustração computadorizada de dois crânios: o do Homo floresiensis (à esquerda) e do Homo sapiens sapiens (à direita). O Homo floresiensis foi um hominídeo de pouco mais de um metro de altura e cérebro muito pequeno. Acredita-se que foi extinto há 12 mil anos e coexistiu com os seres humanos da espécie Homo sapiens. Em 2003, restos de crânio do Homo floresiensis foram encontrados na caverna Liang Bua, localizada na Ilha das Flores, Indonésia.

FONTE: Equinox Graphics/SPL/Latinstock

Uma das espécies de Australopithecus - não se sabe qual - deu origem a um grupo de hominídeos, o Homo. Os cientistas ainda não descobriram quando, como e onde isso aconteceu. Acredita-se que os primeiros seres do gênero Homo apareceram há cerca de 2 milhões de anos. Por mais de 800 mil anos, os seres do gênero Homo conviveram com os Australopithecus na África. No entanto, ao longo do processo de evolução, os Australopithecus extinguiram-se.

Segundo alguns especialistas, a espécie mais antiga do gênero Homo que se conhece é a do Homo habilis. Com quase 1,60 m de altura, pouco mais de 50 quilos de massa corpórea e um cérebro de até 800 cm³, o Homo habilis se desenvolveu graças à sua capacidade de adaptação cultural e social: os integrantes de um grupo, por exemplo, dividiam os alimentos com os outros membros, o que estabelecia vínculos mais sólidos entre eles, facilitando a defesa, a nutrição e a reprodução do grupo.

Pesquisas recentes revelaram que o Homo habilis conviveu por centenas de milhares de anos com outro hominídeo, o Homo erectus, que apareceu na África por volta de 1,8 milhão de anos atrás. Para os cientistas, essas duas espécies podem ter tido um ancestral comum, ainda desconhecido.

O Homo erectus chegava a medir 1,80 m de altura. Seu cérebro tinha um volume médio de 950 cm³, mas podia chegar a 1 250 cm³ de altura. Seu rosto era largo, e sua arcada dentária, saliente. Essa espécie tinha grande capacidade intelectual: andava em grupos de vinte a trinta indivíduos que dividiam tarefas, fabricavam utensílios, construíam cabanas, aprenderam a dominar o fogo e a organizar caçadas.

Boxe complementar:

FILME

Veja o filme A guerra do fogo, de Jean-Jacques Annaud, 1981. O filme retrata dois grupos de hominídeos pré-históricos - um que cultuava o fogo como algo sobrenatural e outro que sabia como produzi-lo.

Fim do complemento.

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OLHO VIVO

Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo, há uma discussão acerca dos conceitos de fonte histórica e documento histórico, que pode auxiliar no trabalho com o assunto dos fósseis.

O que os fósseis revelam

A análise de fósseis de esqueletos pode conter informações valiosas para os cientistas. Por exemplo: o sexo, a idade (uma criança, um adulto ou um adolescente) e, em certos casos, as circunstâncias de sua morte. O estudo das fezes humanas fossilizadas - conhecidas como coprólitos - pode revelar os hábitos alimentares daquela espécie (ou de um grupo), a incidência de parasitas em seu intestino e até os deslocamentos que realizou. Supondo, por exemplo, que esses parasitas sejam comuns em zonas tropicais e que os coprólitos tenham sido encontrados em uma região de clima frio, isso mostraria que o grupo humano estudado teria migrado de um lugar para outro.

1. O tamanho do crânio pode identificar a espécie.

2. Riscos microscópicos e buracos no esmalte dos dentes podem indicar o tipo de alimentação. Molares grandes e mandíbulas grossas sugerem a mastigação de alimentos mais duros.

3. Os dentes e o tamanho dos ossos revelam se o esqueleto era de um adulto ou de uma criança. Também podem mostrar problemas como anemia e outras deficiências alimentares.

4. Os ossos podem reter evidências de infecções por tumores, bactérias, parasitas e fungos, ou revelar traumas, como fraturas, amputações e golpes na cabeça.

5. O formato da pélvis identifica o sexo.

Texto elaborado com base em: INSTITUTE OF HUMAN ORIGINS. Disponível em: www.becominghuman.org. Acesso em: 9 jul. 2015.

LEGENDA: Fóssil do esqueleto de uma mulher do Período Neolítico, encontrado na França. Ela morreu há aproximadamente 5 mil anos.

FONTE: Pascal Goetgheluck/SPL/Stock Photos/Latinstock

Entre 1 milhão e 700 mil anos atrás, o Homo erectus foi o primeiro hominídeo a emigrar da África, onde surgiu. Seguindo o curso do rio Nilo, alcançou a Ásia e depois a Europa. Extinguiu-se há cerca de 300 mil anos, quando espécies arcaicas de Homo sapiens já tinham surgido.

Há indícios de que essas espécies passaram por um longo processo de evolução, até que, por volta de 195 mil anos atrás, apareceu o Homo sapiens sapiens (ou Homo sapiens moderno), subespécie da qual somos representantes. Por ter uma faringe mais longa e uma língua mais flexível, desenvolveu a capacidade da fala, por meio da qual passou a expressar pensamentos e conceitos abstratos (sobre a espécie humana, veja o texto Somos todos iguais, na página a seguir).

Boxe complementar:

FILME

Veja o filme A origem do homem, Discovery Channel, 2002. Documentário que, com fatos científicos, comprova ser a África o berço da humanidade.

Fim do complemento.

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Foi o Homo sapiens sapiens quem conseguiu ocupar - até por volta de 12000 a.C. - todos os continentes do planeta, com exceção da Antártida. Segundo os especialistas, ele chegou ao Oriente Próximo e à Ásia entre 90000 a.C. e 45000 a.C. Do continente asiático ele teria alcançado - há cerca de 40 mil anos - a Oceania por meio de embarcações. Na América, o Homo sapiens sapiens teria chegado entre 15 mil e 11 mil anos atrás, mas há também teorias que indicam vestígios da presença humana no continente americano datados de 50 mil anos atrás. Enquanto isso, outros grupos ocupavam a Europa e a Ásia central. Lá, levavam uma vida nômade, ou seja, deslocavam-se constantemente em busca de alimentos. Viviam da coleta de frutos e raízes e caçavam animais, como mamutes e bisões, hoje ambos extintos.

LEGENDA: Representação artística de um grupo de ancestrais e precursores do Homo sapiens moderno. Da esquerda para a direita e da frente para trás: Homo erectus, Australopithecus africanus, Kenyathropus rudolfensis, Australopithecus afarensis, Homo habilis, Australopithecus boisei, Homo neanderthalensis e Australopithecus anamensis.

FONTE: Hess. Landesmuseum/akg-images/Latinstock

PASSADO PRESENTE

DIALOGANDO COM... BIOLOGIA

Somos todos iguais

Pele negra, branca ou parda; olhos arredondados ou puxados; cabelos lisos, crespos ou encaracolados. As variações físicas entre os seres humanos são grandes, porém a ciência já comprovou: apesar das diferenças observadas entre os indivíduos e entre grupos de indivíduos, a espécie humana é única e unívoca. Isso significa que não há outra espécie igual à nossa e que ela é uniforme em si mesma. Por isso, os seres humanos não podem ser separados em raças.

Ao analisarem os genes formadores das características físicas humanas, os cientistas observaram que as variações encontradas não passam de 1% e são resultado do processo evolutivo do ser humano diante da necessidade de adaptação às condições ambientais.

Segundo os cientistas, o cabelo crespo dos negros, por exemplo, surgiu como uma forma de proteger o couro cabeludo dos indivíduos que viviam em regiões de clima quente. Esse tipo de cabelo forma uma camada de ar entre o couro cabeludo e o ambiente, protegendo a cabeça da grande incidência dos raios solares.

Ainda de acordo com os cientistas, a necessidade de adaptação ao clima também seria um dos fatores determinantes da cor da pele mais clara dos indivíduos que viviam em regiões de clima frio. Durante o processo de seleção natural ocorrido ao longo de milhares de anos, em algumas regiões da Europa - onde os dias eram mais curtos e frios - prevaleceram indivíduos de pele mais clara, que absorvia melhor a luz solar.

Texto elaborado com base em: ESCOBAR, Herton. Evolução do Homo sapiens continua, cem vezes mais rápida. O Estado de S.Paulo, 11 dez. 2007. Disponível em: http://vida-estilo.estadao.com.br/noticias/geral,evolucao-do-homo-sapiens-continua-cem-vezes-mais-rapida,93872. Acesso em: 9 jul. 2015; HUMAN Genome Project Information Archive 1990-2003. Disponível em: www.ornl.gov/sci/techresources/Human_genome/home.shtml. Acesso em: 9 jul. 2015.

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Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo, há uma discussão teórica acerca do conceito de temporalidade, que pode ajudar no trabalho com assuntos de grande escala temporal. Apresenta-se, também, uma proposta de Atividade Alternativa.

ORGANIZANDO AS IDEIAS

NÃO ESCREVA NO LIVRO

ATIVIDADES

1. Nossos conhecimentos sobre a origem da humanidade são vastos, mas não respondem a todas as nossas dúvidas.

a) Com base na leitura do capítulo até aqui, descreva o que a ciência já descobriu sobre a origem e o desenvolvimento dos hominídeos.

b) As pesquisas para esclarecer as origens do ser humano são importantes? Explique.

2. Para a maioria dos especialistas, nossa espécie se originou na África e, posteriormente, ocupou outros continentes. Descreva de que modo o Homo sapiens sapiens povoou o planeta.

INTERPRETANDO DOCUMENTOS: IMAGEM

ATIVIDADES

O Homo erectus desenvolveu diferentes ferramentas para melhor se adaptar ao meio em que vivia. Esses instrumentos tinham as mais diversas finalidades, como auxiliá-lo na alimentação, na proteção contra o frio ou contra a chuva, entre outras. Observe a imagem ao lado: trata-se de uma ferramenta desenvolvida entre 1,65 milhão e 100 mil anos atrás. Com base na observação da imagem, responda às questões a seguir.

a) Identifique o material utilizado para a produção dessa ferramenta e aponte que tipo de informação essa característica nos fornece sobre os hominídeos que a produziram.

b) Formule uma hipótese sobre a finalidade de uma ferramenta como essa.

LEGENDA: Esta machadinha de mão tem ambas as faces cortantes e foi encontrada na região de Suffolk, Inglaterra.

FONTE: akg-images/Erich Lessing/Latinstock

2. O domínio da agricultura

Entre 12 mil e 15 mil anos atrás, com o fim do último Período Interglacial, o clima na Terra tornou-se mais ameno, e o solo, mais fértil. Grupos nômades começaram a construir abrigos junto a rios e lagos, onde pescavam, abasteciam-se de água, caçavam e coletavam cereais silvestres.

Levados para os acampamentos, onde eram moídos e cozidos, muitos desses grãos de cereais caíam acidentalmente no solo, e é possível que as pessoas tenham percebido que, com o tempo, eles germinavam, dando origem a novas plantas. Segundo alguns estudiosos, foi dessa maneira que o ser humano aprendeu a cultivar a terra.

As evidências indicam que o domínio da agricultura ocorreu de forma independente em diferentes lugares do mundo. Na região de Jericó, no Oriente Médio, a agricultura teria surgido há cerca de 10 mil anos. Nessa mesma época, na América, grupos humanos já cultivavam abóboras na atual região do Equador.

Glossário:

Período Interglacial: período em que as temperaturas do planeta (ou de parte dele) se elevam e as calotas de gelo sobre o solo diminuem. É chamado Período Glacial quando ocorre a expansão das calotas polares, devido ao resfriamento da temperatura do ar, ou seja, as temperaturas ficam muito baixas. Um Período Glacial ou Interglacial dura aproximadamente mil anos e é relativamente curto, quando comparado à Era, que pode durar alguns milhões de anos.

Fim do glossário.

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LEGENDA: Faca de colheita com pequenos dentículos, feita em sílex marrom e com cabo. O objeto foi criado entre os séculos VII a.C. e IV a.C.

FONTE: Erich Lessing/Album/Latinstock

A sedentarização e os primeiros núcleos humanos

O domínio da agricultura provocou uma grande transformação na vida dessas populações - a ponto de ser chamado de Revolução Agrícola. Diversos povos, que antes levavam uma vida nômade em busca de alimentos, se fixaram (sedentarizaram) em determinada região e começaram também a cultivar verduras e legumes. Dessa maneira, conseguiam ter mais controle sobre seu estoque de alimentos. A tomada de consciência dessa nova capacidade resultou em um aprimoramento das técnicas agrícolas e da produção de instrumentos e utensílios, além de ter provocado inúmeras mudanças nos hábitos dos grupos humanos.

Também ocorreu, a partir de 11 mil anos atrás, a domesticação de animais - cabras, ovelhas, galinhas, porcos, cavalos e bois -, que passaram a ser utilizados como meio de transporte, fonte de leite, lã e esterco, além de carne para os períodos de fome (leia, na página a seguir, o texto Dos potes de cerâmica às garrafas PET).

Em quase todos os lugares, a vida sedentária, o cultivo do solo e a possibilidade de estocar alimentos levaram ao crescimento demográfico e à formação de aglomerações humanas. Pouco a pouco, algumas dessas aglomerações se transformaram nas primeiras vilas e cidades (veja o mapa Primeiros núcleos urbanos (séculos X a.C. a III a.C.), na página 32).

Com o crescimento da população nos agrupamentos, surgiram alguns problemas. Nas regiões áridas, por exemplo, a população precisava construir reservatórios para garantir abastecimento de água nos períodos de seca; já as pessoas dos agrupamentos instalados próximos a rios precisavam erguer diques, para controlar as cheias, e abrir canais para irrigar as plantações.

LEGENDA: Pintura rupestre, encontrada no sudoeste da Líbia e datada de cerca de 9 mil anos atrás, representa um pastor empunhando bastões para proteger seu rebanho do ataque de outros animais.

FONTE: David Parker/SPL/Latinstock

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EU TAMBÉM POSSO PARTICIPAR

Dos potes de cerâmica às garrafas PET

A invenção da cerâmica - técnica que consiste em modelar o barro e levá-lo ao fogo para secar e tornar-se mais resistente -, há milhares de anos, desempenhou papel fundamental para a sobrevivência das primeiras comunidades sedentárias.

Vasos e potes de cerâmica, com cerca de 20 mil anos, foram encontrados onde hoje ficam o Japão e a China, mas o uso da cerâmica tornou-se mais comum por volta de 4000 a.C. Nessa época, a invenção da roda de oleiro e dos fornos de alta temperatura permitiram produzir utensílios de cerâmica (panelas, jarros e potes) mais resistentes e em maior quantidade.

Com esses objetos, era possível cozinhar os alimentos de modo mais adequado, facilitando sua ingestão, armazenamento e transporte (especialmente os líquidos, como azeite e água). A cerâmica também era usada em rituais.

Passados milhares de anos desde a invenção dos primeiros recipientes de cerâmica, um dos produtos mais utilizados atualmente para o armazenamento e transporte de líquidos são as garrafas plásticas.

Lançadas nas ruas ou espalhadas pelos lixões a céu aberto, essas embalagens entopem esgotos, poluem rios e mares e causam a morte de animais marinhos - como baleias, leões-marinhos e tartarugas -, que as confundem com alimentos e morrem asfixiados ao ingeri-las. Além disso, as garrafas plásticas são de difícil decomposição, levando em média cerca de cem anos para se desfazerem naturalmente.

A adoção de procedimentos simples em relação ao uso e descarte dessas embalagens no dia a dia ajuda a minimizar seus efeitos nocivos. Veja o que pode ser feito.